Em noite de festa, com a presença das grandes “feras” da fotografia brasileira, a Editora Madalena lançou no dia 27/08/2016, na SP-Arte/Foto, o livro “Jornada do Alumbramento de Apollo”, título inspirado em uma das séries apresentadas homônima. A obra reúne diferentes temas, dos últimos 18 anos da carreira do fotógrafo Penna Prearo.
Com coordenação editorial de Claudia Jaguaribe, foram reunidas 19 séries fotográficas a partir da idealização de Agnaldo Farias, que assina o texto de apresentação do livro, com o objetivo de resgatar o trabalho feito nos últimos dez anos pelo artista. O título, extraído do ensaio Jornada do Alumbramento de Apollo, diz respeito à capacidade que o artista tem de trabalhar imagens, expandi-las e processá-las.
(fotos Adriana Vichi)
PENNA (comentário de Fausto Chermont)
Na verdade o livro do Penna é um convite.
Se joga malandro que com certeza não vai dar pé e daí você inventa.
Se vira.
E um convite ao suicídio, só que suicídio assistido, por todos aqueles personagens reais e da ficção, que andam ao seu lado todo o tempo, neste sonhar acordado interminável .
Vindo de Marte , como ele mesmo diz , tem aos seus pés, no jardim da sua casa, Júpiter e Saturno.
E ele só anda de trem, só trem bão, mas bão mesmo.
Às vezes quando a coisa aperta ele fica lendo, e às vezes ele escreve. Coisas em código, numa língua do futuro, que ele mesmo inventou, cheia de cores.
Às vezes o tempo para, e ele olha pro tempo parado.
As flores nestas horas são os poemas da vida e as mulheres, as sabedorias infinitas de todas as coisas.
Ele pede perdão, mas acaba mesmo é perdoando todos aqueles que o aturam; não quer ter que levar bagagem , só o estritamente necessário, ele viaja ligeiro.
E assim foi indo, o mundo foi visto, recalculado e as conclusões são que:
- nos cabe muito pouco deste latifúndio – cada um só colhe o que sobra.
- O horizonte é um eufemismo.
O espaço e o tempo se curvam quando fotografados.
Nada é o que queremos na hora que queremos, portanto só nos resta a invenção.
A invenção das palavras, das historias, dos livros , das imagens , da própria vida . Pois se deixarmos tudo como quando chegamos, a vida não terá valido a Penna.
Fausto Chermont, nos agostos da meia idade.- 2016.